Atualmente, muito se tem ouvido sobre como o alto impacto social que a empresa causa em seu público afeta, de maneira positiva ou negativa, sua imagem. E, desse modo, a pauta sobre diversidade no mercado entra em jogo.
O embate entre empresas mais tradicionais e ecossistemas empreendedores está acontecendo. Afinal, novas mentes adentram a força de trabalho com ideias que fogem do rumo convencional que o mercado costumava operar. E isso gera esse atrito no mercado.
Porém, não podemos pensar nisso como algo ruim. Muito pelo contrário.
Novos pontos de vista estão sendo colocados como centro de conversas importantes, como forma de incluir um grupo maior de pessoas. Assim, negócios e startups lideradas e compostas apenas por homens brancos de classe alta dão espaço a um ecossistema mais diverso e inclusivo.
A derrubada das barreiras que existiam no mercado, e ainda existem em muitas empresas, é fundamental para que o multiculturalismo possa começar a fazer parte dos valores de um negócio. Com isso, o objetivo é reorganizar as estruturas de todo o mercado para ser mais receptivo perante questões como diversidade, acessibilidade, empoderamento e preconceito.
A diversidade no mercado deve ser inclusiva e não expositiva
É muito comum, em épocas e datas comemorativas, vermos empresas que investem em produzir conteúdo sobre diversidade. Porém, grande parte delas não vão além disso, uma vez que seu quadro de funcionários é composto apenas por pessoas que representam uma faixa muito baixa da população brasileira.
Assim, vemos que raça, orientação sexual, idade, gênero, classe social, deficiência, religião, entre tantos outros fatores que compõem o povo diverso do nosso país impactam suas vidas profissionais. Breno Henrique, Líder de Marketing da Saúde Ventures, diz que acredita que sua carreira está totalmente envolvida com as questões de racismo e LGBTQIA+fobia que sofreu no mercado, onde várias vezes não foi avaliada pela sua competência profissional e sim por sua condição e características físicas.
A falta de um processo justo para a contratação de funcionários gera nas pessoas pertencentes a grupos considerados minoritários uma sensação de impotência. Apenas delas terem ciência de suas competências, também sabem que não estarão sendo julgadas apenas por isso.
A falta de diversidade no mercado e seu impacto na força operante
Yuri Souza, Desenvolvedor Comercial da Saúde Ventures, diz que “não ter profissionais LGBTQIA+ de referência é sentir que meu caminho está fadado a não ser um grande profissional de sucesso. Mesmo estando hoje na Saúde Ventures, que me faz sentir confortável sendo um homem gay, sinto que preciso ter determinados comportamentos padronizados para as pessoas não LGBTQIA+ me respeitarem enquanto profissional.”
Breno passou por experiências semelhantes quando trabalhou em ambientes conservadores. Ela diz que muita das vezes teve que manter uma postura social dita como correta para não impactar de forma ‘negativa’ sua imagem no âmbito profissional.”
Essa mudança no comportamento dos funcionários em detrimento a sua não aceitação no seu local de trabalho ou a falta de uma competição justa perante aos demais colegas impacta na produtividade e rendimento do time; e até mesmo na procura por emprego de pessoas que estejam incluídas em qualquer grupo de diversidade.
Breno completa o pensamento dizendo que hoje se sente parcialmente realizada com o que conquistou até aqui. Mas, ainda não vê uma representatividade de forma satisfatória e igualitária de pessoas negras e LGBTQIA+ ocupando posições relevantes no ambiente corporativo.
Empresas que perdem por não empregar a diversidade
A rejeição social do mercado de trabalho limita o potencial de uma empresa. Afinal, dentro de uma organização é importante que diversos grupos da sociedade sejam representados dentro de seu microcosmo. Desse modo, é possível aprender com essas pessoas e aproveitar profissionais com vivências variadas.
A aceitação da diversidade proporciona um ambiente mais saudável de se trabalhar. Assim, os funcionários se encontram mais felizes, confiantes e produtivos. Além de estarem mais propensos a continuarem na empresa e seguir o propósito da organização.
Yuri conta sobre sua visão para um mercado mais inclusivo com pessoas LGBTQIA+, comunidade da qual faz parte. Para ele, “quando você valoriza uma pessoa como ela é, você vai ter um profissional mais qualificado e empenhado a fazer parte da empresa, a “vestir a camisa”. Precisamos trazer essa normalização das pessoas LGBTQIA+ para todos os lugares e não tratar como um evento à parte.”
Assim, empresas com pensamentos tradicionais e pouco inovadores estão perdendo grandes profissionais, e até mesmo correndo risco de perdas financeiras. A diversidade nas empresas pode ser um grande diferencial competitivo. Afinal, teremos pessoas com pensamentos e pontos de vista diferentes que podem construir soluções inovadoras.
O mercado atual e a evolução do pensamento arcaico
Por fim, foi pedido a ambos os entrevistados para comentarem se sentem que os valores da empresa na qual trabalha condizem com os seus valores pessoais. Para Yuri, a resposta é sim. Com pouco tempo de casa, atualmente completando três meses, diz que se sente confortável. Como não é o único LGBTQIA+ na equipe, isso mostra que a empresa já tem uma cultura mais inclusiva e respeitosa.
Já para a Líder de Marketing “todos na Holding Saúde Ventures e rede FCJ, prezam por inclusão e diversidade entre as equipes. Não existe tratamento diferenciado quando se fala de pessoas por aqui. Nós trabalhamos com valores que simbolizam o respeito, pensando sempre em romper com padrões tradicionais que reforçam o preconceito e a marginalização de sujeitos”, conclui Breno.