O mercado sênior apresenta um impacto na estrutura da sociedade e, por isso, vemos o crescer das seniortechs. É possível ver a cada dia que a medida que a qualidade de vida da população e os cuidados com a saúde preventiva se prolongam, o mesmo acontece com a idade da população.
Assim, a quantidade de pessoas ultrapassando os 90 anos de idade e chegando até aos 100, não é mais uma possibilidade, mas uma realidade no Brasil. Com essa inversão da pirâmide etária que está por vir, na qual os idosos ocuparão maior espaço que jovens e crianças, é preciso que produtos e soluções sejam desenvolvidos para as pessoas que estão na maior, ou melhor, idade.
Por isso, o HubSaúde junto a Holding Saúde Ventures sediou a 7ª edição do MedTech Talks para discutir sobre as seniortechs. Para isso, seu painel contou com grandes nomes da inovação nessa área destinada para pessoas +60, que foram:
- Fábio Veras – CEO da Saúde Ventures;
- Rogério Pires – Head de Saúde na TOTVS;
- Mauro Moreira de Oliveira – CEO da GBG Seniortech;
- Gilson Esteves – CEO da Tecnosenior.
Reinventando a imagem do idoso na sociedade
O impacto do movimento do cidadão sênior começa a gerar oportunidades em diversas áreas. Afinal, o idoso possui necessidades 360°, e não apenas na área de saúde.
No passado, havia a questão de “onde é o lugar do idoso?”. Esse paradigma está associado ao preconceito contra as pessoas mais velhas, conhecido do ageismo. Contudo, tal pergunta ficou obsoleta e ofensiva, sendo que cada vez mais o grupo pertencente a essa faixa etária está buscando quebrar o preconceito e estigma criado a respeito de pessoas com idades mais elevadas.
A ideia é abrir a cabeça para assimilar que a vida do idoso não é algo banal, e que todos querem viver com um propósito e assumir seu protagonismo, independentemente de sua idade. A aposentadoria, como muitos enxergam a maior idade, não deve ser carimbo de vida encerada. Afinal, ninguém se aposenta do prazer de viajar, de desfrutar da família, etc.
Desse modo, o planejamento dessa fase deve ser pensado como um planejamento de longevidade inesperada, uma vez que vivemos uma média de 73 anos. Ademais, deve-se incluir no plano conceitos como saúde, dinheiro, companhia e prazer.
O rumo do mercado de seniortechs e os desejos dos idosos
É visível que os jovens apresentam menos vontade de construir uma família nos modelos tradicionais. Dados de uma pesquisa, apresentam que 40% das mulheres dizem que não pretendem ter filhos. Então, a pirâmide etária sofrerá uma mudança brusca.
Gilson Esteves, CEO da Tecnosenior salienta que não terão pessoas dentro do núcleo familiar para cuidar dos idosos, uma vez que a composição da família que ia cuidar dos pais está desaparecendo.
Com isso em mente, os idosos devem ser incluídos na modernidade e é trabalho das empresas facilitar essa transição, uma vez que o público +60 compõe boa parte do mercado, e a tendência é crescer ainda mais. Assim, as oportunidades de negócio devem começar agora, com ideias e investimentos nessa área.
Porém, segundo o CEO da Saúde Ventures, “estamos despreparados para lidar com os novos valores vigentes em relação da fruição da vida”. Isso mostra como o mercado ainda tem muito o que aprimorar em ordem de ser compatível e atender as demandas desse novo público. Ademais, Mauro Moreira de Oliveira, CEO da GBG Seniortch, diz que é preciso “mudar a concepção para enxergar soluções que não estamos enxergando hoje, e que, até a pouco tempo atrás, eram invisíveis”.
Para qual idoso o mercado é direcionado?
Apesar do grande espaço ainda propício para inovações para os idosos, é importante co0nstar que já existem empresas que têm esse público como seu alvo. Porém, a pergunta que fica é “para qual idoso estão direcionando seus esforços?”.
Atualmente, vemos empresas voltadas para aquele idoso saudável, na faixa dos 60 anos, que ainda consegue se locomover. E o demais idosos? Aqueles que já estão mais fragilizados?
Vemos que é cada vez mais comum idosos cuidando de idosos. Pais em seus 90 anos, e filhos em seus 60 prestando seu apoio.
A ideia errônea do mercado é focar naquele idoso que ainda consegue aderir a tecnologia e ter uma vida ativa, enquanto ignora toda uma outra parcela dessa população. Por isso, a criação de produtos e serviços embasados em tecnologias transparentes, com opções mais simples são necessárias para que os anseios de todos os sêniors sejam efetivados.
O trabalho das seniortechs
Contrário do que muitos acreditam, as pessoas acima dos 60 anos são um grupo economicamente ativo, consumidor e que anseia por produtos e serviços destinado para eles.
A tecnologia transforma seu nicho de mercado e é importante que ideias inovadoras sejam colocadas em prática. Tal inovação deve ultrapassar a banal criação de aplicativos para celular. Assim, as seniortechs veem para agregar valor ao mercado. Veras ainda ressalta que “a disrupção é a nossa capacidade de olhar para onde todos estão olhando e enxergar o que não estão vendo.”
Não é apenas de celulares que vive a modernidade, e as novas startups de saúde devem ter isso claro em suas mentes. Inovações escaláveis devem contar com produtos e serviços de linha. Ademais, essa demanda necessita de análise e dados de um mercado que cresce rápido. Afinal, saber os problemas desse público e suas limitações é importante para propor soluções que proporcionem uma longevidade humana de maneira digna.